“Puta que o pariu, é a tarifa mais cara do Brasil!”

Um grito de guerra para uns, um coro de arruaça para outros, um brado que ameaça a tranqüilidade dos motoristas de carro alheios à coletividade de uma cidade. A frase foi entoada em manifestações contra a situação do transporte coletivo de Florianópolis, organizadas pelo MPL (Movimento Passe Livre); manifestações que foram tema do documentário intitulado IMPASSE, exibido em 2010 - na Faculdade Ielusc – Joinville.

Confesso que desconhecia detalhes do colapso da capital com relação ao transporte coletivo, que a $2,95, sem qualidade proporcional ao valor que corresponde a uma das mais caras do país, vem jogando pólvora ao ar de uma cidade com muitos universitários. Ainda que houvesse qualidade plena, o valor ainda seria questionável, afinal passagens altas limitam o direito de ir e vir daqueles que dispõem de orçamento limitado.

Lembrei do documentário ao voltar de férias e saber do reajuste da passagem de ônibus em nossa cidade. Existe uma célula do MPL por aqui, mas infelizmente as manifestações não chegam perto da força do movimento encontrada na capital. A maior parte dos estudantes do Campus Universitário de Joinville não depende de ônibus, já que mora nas proximidades da universidade. Outra grande parcela dos jovens da cidade (parcela maior do que a esperada) tem carro. Sabemos que manifestações, não deveriam, mas dependem da astúcia e da visão próspera dos jovens; aqueles que ainda não se acomodaram com o que deve ser questionado.

Certamente, a maior parcela de motoristas de carro das cidades acredita que em nada implica em sua vida os aumentos das tarifas de ônibus, portanto jamais poderiam dar corpo a alguma manifestação. Enganam-se profundamente. Convido a pesquisarem o número de automóveis adquiridos em 2010 na cidade de Joinville. E gostaria de motivá-los a duas reflexões: “Será que os valores das tarifas não instigam à compra de mais e mais automóveis?” “Será que haveria tanto automóvel nas ruas nos horários de pico, comprometendo o seu direito de ir e vir, caso as passagens fossem mais acessíveis?”

Em Joinville, os manifestantes, tal qual mostra o documentário citado acima, seriam chamados de arruaceiros; em Joinville, tal qual mostra o documentário da realidade da capital, o policiamento não estaria preparado para uma manifestação daquele porte. É triste perceber que há tanta desinformação a ponto de não entenderem que a água bate na bunda de todos os que precisam das ruas. Manifestações são previstas por lei e até países como Grécia e França são ícones do poderio popular nas ruas. É indecente saber que gastando $5,10 de transporte diariamente, gasto mais do que certa senhora do meu trabalho gasta de combustível, ela que mora em meu bairro e dirige uma BMW do ano. Puta que o pariu!

Quarta (19/01) tem manifestação do MPL, na prefeitura às 10 horas.

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3 comentários:

Anônimo disse...

Divide as parcelas do veículo, gastos com manutenção, IPVA, seguro e a desvalorização anual. Sem dúvida você não gasta mais que ela.

Correção: 2ª tarifa mais cara do país. Perde para São Paulo. R$3,oo

Anônimo disse...

"A quem pertencem as cidades? – Amsterdã e Florença são exceções à regra universal de usurpação. O mundo foi motorizado velozmente, à medida que as cidades e as distâncias cresceram, e os meios de transporte público abriram caminho para o automóvel particular. O presidente francês Georges Pompidou exaltou esse movimento dizendo que “é a cidade que precisa se adaptar aos automóveis e não o inverso” - Eduardo Galeano

Professora Aline disse...

Na verdade já faz um tempinho que eles gritaram este coro...

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