Artigos Acadêmicos para pesquisa

MADAME BOVARY E O REALISMO MODERNO DE FLAUBERT  de Maria Adélia MENEGAZZO

http://seer.fclar.unesp.br/lettres/article/view/2028/1657    -




NUNCA SUBESTIME UMA MULHERZINHA Camila Augusta Valcanover Mestranda (UFPR)   (O primo Basílio)


http://revistas.utfpr.edu.br/ct/rl/index.php/rl/article/view/84/62




“O Cortiço” e o Erotismo no Romance Naturalista Brasileiro de Fernanda Cássia dos Santos




Intersecção e Alteridade: sexualidade e raça na obra Bom Crioulo de Adolfo de Caminha de Diego Ramon Sousa / Núbia .



A alteridade feminina em Dom Casmurro por Cristiane dos Santos 


http://200.17.141.110/pos/letras/enill/anais_eletronicos/2012/III_ENILL_Cristiane_dos_Santos.pdf


Fantasiar com o fantástico: as fantasias de Memórias Póstumas de Brás Cubas de Samanta Rosa Maia


http://www.mafua.ufsc.br/numero16/ensaios/fantasiar_com_o_fantastico_as_fantasias_de_memorias_postumas_de_bras_cubas_de_machado_de_assis.html





O ALIENISTA DE MACHADO DE ASSIS   (Artigo Acadêmico)

História da loucura na obra “o alienista” de machado de assis: discurso, identidades e exclusão no século xix de Márcio José Lima 

http://www.cchla.ufpb.br/caos/n18/12_MarcioJoseSLima_HISTORIA%20DA%20LOUCURA%20NA%20OBRA.pdf




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Links para baixar os livros referentes ao naturalismo e realismo

http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/bomcrioulo.pdf   (O bom Crioulo)

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=16534
(O cortiço)


http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=1888
(Dom Casmurro)


http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action&co_obra=1939
(O alienista)

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Professores em curso: olimpíadas de Língua Portuguesa


"Escrever é o meu jeito de ficar por aqui. Cada texto é uma semente. Depois que eu for, elas ficarão. Quem sabe se transformarão em árvores! Torço para que sejam ipês-amarelos." Rubem Alves

E nós, entre tantos ofícios, também ensinamos a plantar ipês amarelos...

CHUVISCANDO   PALAVRAS 

(Os professores cursistas tiveram 30 minutos para produzir coletivamente o poema que segue cá)

Joinville movimento da beleza
Cidade que traduz sua realeza
De seus filhos vivendo em glória
E outros em busca de vitória

Da janela do meu quarto eu sinto
Primeiro pingo que da nuvem escorre
Guarda-chuvas e sombrinhas se abrindo
Quem é daqui, da chuva não corre

Minha cidade chuvosa
De beleza sem igual
És agradável e formosa
Trabalhadora e musical

O suor deste povo que labuta
De sol a sol, com determinação
Sobe aos céus em calor de oração
Volta à terra na forma de chuva

O trem está vindo aí!
Cortando a zona sul
Piuií! Piuií! Piuií!
Transformando o céu azul

Cachoeira em movimento
Água, banho, beleza
Transformou-se com o tempo
Lodo, lixo, tristeza
  
Cidade: lugares definidos
Pontos turísticos oferecidos
Quem mora aqui não percebe
O tempo passa: não se despede.



A jornalista e escritora VANESSA BENCZ coloriu a tarde em que falamos sobre crônica, com dicas para fruição estética e criativa:





O escritor CARLOS ADAUTO VIEIRA comentou algumas de suas produções, levando-nos informações sobre a memória de Joinville, quando era possível desfrutar enquanto banhista do Rio Cachoeira.


Houve quem se aventurasse no gênero 'memórias literárias' a partir do depoimento do Senhor Carlos Adauto Vieira:

 (Professora Andreia Evaristo – Memórias do Dr. Adauto)

Quando a companhia Carlos Schneider começou a produzir bicicletas, ninguém imaginava a revolução que aconteceria na cidade – bicicletas, essas, que mais tarde batizariam Joinville como cidade das bicicletas. Os colonos, que costumavam trazer seus produtos da Vila Nova para o centro da cidade em carros puxados com a força amiga dos animais, trocaram a motriz do bicho pelo motor da bicicleta. Sim, porque o motor da bicicleta é o próprio trabalho do homem, o seu suor, a sua feita, assim como os produtos que eram vendidos na bifurcação da Rua Visconde de Taunay com a Nove de Março. O coxo nonde os animais refrescavam a vida depois da longa jornada, tirando uma sesta antes do retorno, já rumava à sua aposentadoria. Porque os bichos trabalhavam com as gentes porque não se conhecia outra forma, mas com o advento da bicicleta, eles podiam descansar nos ranchos até a volta dos donos. Naqueles tempos, todos queriam a uma bicicleta! Inclusive eu queria experimentar esse novo meio de locomoção, que tornava próximas as longas distâncias. A minha, nessa terra que se dizia alemã, herdou as cores do Brasil: era verde e amarela, uma verdadeira patriota. Aliás, essa foi a alcunha que recebeu de meus colegas. Lembro-me de vez por outra, quando ia ao Bar do Ravache comer um bife – e como era sumarento aquele bife! – acabava bebendo um pouquinho a mais e voltava para casa a pé. No dia seguinte, logo alguém me cumprimentava, dizendo que eu esquecera a patriota no bar. Bem se vê que os tempos eram outros: a patriota descansava lá, encostada a um poste ou a uma parede bar, como se estivesse embriagada das coisas da vida. Eu ia encontrá-la por lá, no mesmo lugar, dois ou três dias depois, intocada, imaculada. Vai deixar uma zica sem cadeado por aí, hoje, pra ver só...

(Professora Iracilde da Rocha – memórias do Sr. Carlos Adauto Vieira)

               Ao terminar o meu curso de advocacia em Florianópolis decidi morar em Joinville. Claro que tinha mais opções como: Criciúma ou Blumenau. Ao chegar em Criciúma vi o sofrimento e a dor dos homens que trabalhavam nas minas. Era um trabalho muito penoso e davam-me a impressão de serem Jesus Cristo carregando a cruz. Fui para Blumenau, mas todos os meus parentes moravam lá e não iriam sair do meu pé em todas as minhas decisões.
Eu queria Liberdade! Esta liberdade e a garra de viver, eu tive em Joinville, ao chegar em 08 de fevereiro de 1957.
Joinville era uma cidade maravilhosa, pacata. As pessoas eram muito aconchegantes podendo se estabelecer por encontrar a paz de espírito e a esperança de transformar a minha e a vida de muitas pessoas.
A primeira coisa que eu fiz foi comprar uma bicicleta. Ela era verde-amarela como as cores da minha pátria amada. Pedalava para todos os lugares e aos domingos era o dia de encontro da comunidade joinvilense. Íamos a todas as casas seguindo o curso do rio Cachoeira que tinha uma água, límpida, saborosa. Sentíamos ofegantes e maravilhados com a mãe natureza. Hoje, o rio parece a sala de visitas da casa, pois o sofá e outros móveis fazem parte do meu Cachoeira.
          A minha cidade deveria orgulhar-se do rio que nasce e morre dentro dela, mas o acúmulo da lama colorida despejada pelas empresas próximas a ele foram matando-o aos poucos, e hoje é o que é. Uma estrada imunda e intransitável porque o homem não sabe cuidar da natureza e mais tarde sentiremos o efeito de tudo isso. Transformar-se-á como a rosa de Hiroshima matando a todos que ocupam o planeta, ou poderá se transformar em puro mangue.


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Linha do tempo da Literatura em Língua Portuguesa

(Portugal/Brasil) _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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Realismo e Naturalismo

Resumão para os segundos anos

O Realismo foi, em suma, um movimento contestador dos ideais românticos na Literatura. Opôs-se ao idealismo romântico, voltando-se a certa visão mais verossímil da humanidade, tocando seus defeitos, suas fraquezas, seus percalços.  Entre os fatos históricos mais importantes, podem ser elencados a abolição da escravatura (1888), a Proclamação da República (1889), as revoltas militares, o surgimento das primeiras escolas de direito.

Características do Realismo

As características do realismo estão intimamente ligadas ao momento histórico e às novas formas de pensamento:
  • objetivismo = negação do subjetivismo romântico, homem volta-se para fora, o não-eu
  • universalismo substitui o personalismo anterior
  • materialismo que leva à negação do sentimentalismo e da metafísica
  • autores são antimonárquicos e defendem os ideais republicanos
  • nacionalismo e volta ao passado histórico são deixados de lado para enfatizar o presente, o contemporâneo
  • determinismo influenciando o homem e a obra de arte por 3 fatores: meio, momento e raça (hereditariedade)
O Romance realista propriamente dito, no Brasil, foi mais bem cultivado por Machado de Assis. Narrativa preocupada com análises psicológicas dos personagens e fazendo críticas à sociedade a partir do comportamento desses personagens.

Maior representante do Realismo no Brasil: Machado de Assis




















Citações de Machado de Assis:

"Deus, para a felicidade do homem, inventou a fé e o amor. O Diabo, invejoso, fez o homem confundir fé com religião e amor com casamento."


"Lágrimas não são argumentos."


"Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria."


"O dinheiro não traz felicidade - para quem não sabe o que fazer com ele."


Machado de Assis enquanto poeta escreveu um soneto em homenagem à Carolina, sua esposa:


Carolina


Querida, ao pé do leito derradeiro
Em que descansas dessa longa vida,
Aqui venho e virei, pobre querida,
Trazer-te o coração do companheiro.
Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro
Que, a despeito de toda a humana lida,
Fez a nossa existência apetecida
E num recanto pôs um mundo inteiro.
Trago-te flores, – restos arrancados
Da terra que nos viu passar unidos
E ora mortos nos deixa e separados.
Que eu, se tenho nos olhos malferidos
Pensamentos de vida formulados,
São pensamentos idos e vividos.
________________________________________________________
O livro Dom Casmurro, de Machado de Assis, é um dos livros mais lidos e discutidos da Literatura Brasileira. Publicado em 1900, com data de 1899, o livro aborda a questão de um possível adultério narrado em 1a pessoa, o que possibilita dupla interpretação.  Sendo o narrador um homem inseguro, consequentemente ciumento, o leitor se depara com uma história escrita sob a ótica de uma pessoa casmurra e pessimista.
Significado do vocábulo "casmurro":
1. Que ou aquele que é teimoso,cabeçudo, caturra.
2. Que ou aquele que é calado, muito fechado, difícil de conversar ou abordar.
Psicologismo em Dom Casmurro por Marlice Alves Marques (Análise de personagens):
ESCOBAR

Machado de Assis utiliza virtudes como a inteligência, principalmente para a caracterização do personagem Escobar. Homem bonito fisicamente, amigo de Bentinho. Revela um tipo psicológico dotado de capacidade intelectual impressionante, tem facilidade de realizar cálculo. Favorecendo-lhe, mais tarde, no ramo do comércio.

“Não digo mais, que foi muito bem. Nem ele sabia só elogiar e pensar; sabia também calcular depressa e bem. Era das cabeças aritméticas de Homens, não se imagina a facilidade com que ele somava ou multiplicava de cor”.

Além disso, Escobar desperta a admiração de Bentinho, tanto pela intelectualidade quanto pela sua constituição genética. Conquistou a amizade de Bento e de todos da casa de Dona Glória, até mesmo Justina com seu azedume e sua implicância, se esforçou para achar no jovem algo que o desvalorizasse, mas foi em vão.
Os laços entre Escobar e Bentinho são muito visíveis em toda a obra, como no capítulo XLIV.

“Fiquei tão entusiasmado com a facilidade mental do meu amigo que não pude deixar de abraçá-lo. Era no pátio; outros seminaristas notaram a nossa efusão; um padre que estava com ele não gostou.
- A modéstia, disse-nos, não consente esses gestos excessivos; podem estimar-se com moderação.
Escobar observou-me que os outros e o padre falavam de inveja e propôs-me viver separado. Interrompi-o dizendo que não, se era inveja, tanto pior, para eles.
-Fiquemos ainda mais amigos até aqui. Escobar apertou-me a mão às escondidas, com tal força que ainda me doem os dedos. “É ilusão, decerto.”

Escobar, psicologicamente, caracteriza-se como uma pessoa alegre, amistosa, equilibrada, faz amigos facilmente e trata as mulheres com muita afeição e carinho, por exemplo quando chama a Sancha (de Sanchinha), sua esposa; (de cunhadinha) para Capitu, mulher do amigo Bentinho.
De certa forma, este personagem é forte e, no psicologismo de Bento Santiago, o supera. Talvez seja esse o motivo da discórdia e da suspeita de Bentinho em relação a paternidade de Ezequiel e do caráter moral de Capitu.


BENTINHO

Bento Santiago é considerado por alguns autores como o personagem mais complexo do romance “Dom Casmurro”. Pois é analisado com vários traços psicológicos no decorrer da obra.
Em sua infância, Bentinho vive um grande dilema, entre a promessa feita por sua mãe de colocá-lo ao seminário por ter nascido são e o namoro com Capitu, sua vizinha. A profunda insegurança psicológica é ponto principal do personagem machadiano.
Pode-se observar que ele é considerado uma pessoa facilmente sugestionável, ou seja, sempre diz “sim” para não ofender ou contrariar as pessoas. È o que ocorre quando sua mãe lhe impõe que entre para o seminário.
“…Bentinho há de satisfazer os desejos de sua mãe…É promessa, há de cumprir sim”

Nesse contexto, o protagonista faz uma analogia entre sua vida e a passagem bíblica que narra a história do filho de Abraão, Isaac_ indo cumprir ao sacrifício que Deus o ordenou:

“…como Abraão, minha mãe levou o filho ao monte da visão, e mais a lenda para o holocausto, o fogo e o cutelo…”

Em outra situação pode-se dizer que o protagonista deixa-se levar pelas emoções e pelos sentimentos e, isso faz com que Capitu pense e decida por ele, tornando-o um ser frágil, protegido e sem idéias próprias.

“…Capitu repetiu-os acentuando alguns, como principais, e inquiria-me depois sobre eles, a ver se entendera bem , se não trocara uns por outros. E insistia em que pedisse com boa cara, mas assim como quem pede um copo de água à pessoa que tem obrigação de o trazer…”

Um outro traço psicológico que se pode citar é o comportamento exagerado ao bem próprio, sem atender aos outros. O egoísmo invade sua mente, obcecado para sair do seminário e ficar com Capitu, chega a desejar a morte de sua própria mãe, pois assim ficaria livre da promessa.

“…o terror me segredou ao coração, não estas palavras, pois nada articulou parecido com palavras, mas uma idéia que poderia ser traduzida por elas:”mamãe defunta, acaba o seminário…”

Uma de suas principais características era o ciúme exagerado que sentia por Capitu, o qual lhe trazia insegurança e desconfiança. Bentinho por ser tão frágil, deixa se dominar por pensamentos negativos que o ciúme lhe trazia a mente. Como qualquer pessoa ciumenta, imagina situações que muitas vezes não são verdadeiras, com isso o ciúme só lhe traz desespero e sofrimento.”

“…cheguei a ter ciúme de tudo e de todos. Um vizinho, um par de valsa, qualquer homem moço ou maduro me enchia de terror ou de desconfiança…”

Machado apresenta atitudes que despertam, muito, a atenção do leitor através das ações de Bentinho, quando deixa fluir seu lado macabro, frio e calculista ao ponto de planejar a sua morte, para acabar com o sofrimento que tomava conta de sua alma. É essa manifestação visível da cólera e, de modo violenta, que Freud considera a manifestação do instinto da morte. Com esse mesmo comportamento, chega a pensar em matar sua prima, por esta insinuar que Capitu estivesse namorando outro rapaz.

“…não a matei por não ter a mão ferro nem corda, pistola nem punhal; mas os olhos que lhe deitei; se pudessem matar, teriam suprido tudo…”

O instinto macabro do personagem lhe afligia tanto a alma que ele até pensou em dar a xícara de café envenenado ao próprio filho Ezequiel, além de desejar a morte de sua esposa.
Percebe-se que no romance houve o adultério psicológico entre Bentinho e Sancha, esposa do amigo Escobar. Bentinho sentiu-se atraído por algum instante pela beleza de Sancha , que devido a troca de olhares, faz da despedida uma insinuante atração sexual.

“…não havia jeito de esquecer a mão de Sancha nem os olhares que trocamos…”
“…uma sensação me correu todo o corpo…”

Em um feedback, o autor explora o maior conflito psicológico de Bentinho que é a dúvida e a insegurança acerca da paternidade do menino Ezequiel. A princípio surgiam apenas suspeitas, depois o autor apresenta fortes evidências; começam a surgir problemas conjugais como a separação do casal e até mesmo a rejeição pelo suposto filho Ezequiel. Essa insegurança lhe provoca o bloqueio emocional e a situação angustiante que lhe acompanha durante todo o enredo.
Segundo o crítico Woll é a própria natureza, através de semelhanças entre o filho Ezequiel e Escobar, que coloca Bentinho diante da necessidade de decidir-se e reconhecer a verdade sem que para tal, a natureza lhe forneça indícios ou até provas seguras, levando-o ao desespero. Soma-se a isso, o comportamento de Capitu no enterro do amigo Escobar, o que faz tornar claro à visão de Bentinho o adultério da esposa.

“ …A confusão era geral. No meio dela, Capitu olhou alguns instantes para o cadáver tão fixa, tão apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem algumas lágrimas poucas e caladas…”

Entre todos os conflitos psicológicos, que o personagem vive, é muitas vezes supersticioso quando diz que foi educado no terror do dia de sexta-feira, é um dia de agouro. Essa característica está presente, também, em “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, no personagem Lobo Neves.

Segundo o estudioso da Literatura Afrânio Coutinho, Bentinho é o tipo de personagem de Machado de Assis que consegue retornar ao passado, mas não a sua sensação, por isso vive isolado e melancólico.
Pode-se perceber que após a morte de Capitu e de Ezequiel, Bentinho permaneceu isolado no casarão que mandou construir com as mesmas estruturas de sua casa na Rua Matacavalos. 
As obras machadianas caracterizam-se por esse conflito psicológico. A dúvida e a incerteza são apresentadas, mas não são esclarecidas, e isso proporciona ao leitor que faça uma análise mais profunda para dar seu ponto de vista e assim tirar suas conclusões sobre as personagens e suas respectivas ações.
Um fato muito curioso, que numa primeira leitura fica quase imperceptível, é uma possível relação afetiva entre bentinho e Escobar, uma vez que trocam expressões e gestos ternos e afetuosos, por vezes demoradamente:

“…não fitava de rosto, não falava claro nem seguido:as mãos não apertavam as outras, nem se deixavam apertar delas, porque os dedos, eram delgados e curtos, quando a gente cuidava tê-los entre os seus…”

Novamente a intimidade entre os dois personagens despertam curiosidades...

“…quando ele entrou na minha intimidade pedia-me freqüentemente explicações e repetições miúdas[…]Eu, seduzido pelas palavras dele, estive quase a contar-lhe logo, logo, a minha história. A princípio fui tímido, mas ele fez-se entrando na minha confiança…” 
“Os padres gostavam de mim, os rapazes também, e Escobar mais que os rapazes e os padres”

“…quando voltei ao seminário, na quarta-feira, achei-o inquieto; disse-me que era sua intenção ir ver-me, se eu me demorasse mais um dia em casa”.

São vários os indícios que sugerem uma relação de afeto e de companheirismo íntimos. Após sua saída do seminário, mesmo casado, não se afastou do amigo tão querido, coloca no seu filho o nome do parceiro e até a morte de Escobar não foi o suficiente para que ele deixasse de ser cultuado, pois a fotografia de Escobar ainda permanecia na parede de sua sala, nem mesmo Capitu, a eterna amante, mereceu tamanha veneração.


CAPITU

Através da análise do romance “Dom Casmurro”, comparando com outros de autoria machadiana, observa-se que a grande parte das uniões conjugais descrita é insatisfatória e as mulheres mantém um conformismo diante de seus casamentos desastrados.

“ Clara (Ressurreição) aceitou passivamente a realidade que lhe deram…”

São casos de amor contrariados, conflitos abafados entre as quatro paredes do lar, que de forma alguma poderiam a ordem social e familiar dos leitores e, sobretudo, dos membros da burguesia da época. Os acontecimentos são entremeados de explicações aos leitores, de construções sobre o “por dentro” dos personagens. Parece que o próprio romancista estava consciente que as coisas que escrevia não eram exatamente semelhante ao que se produzia na época. Conforme afirma em seu romance “ Ressurreição”;

“Não quis fazer romance de costumes, tentei o esboço de uma situação e o contraste de dois caracteres; com esses simples elementos busquei o interesse do livro”. 

Com a ambigüidade e a parcialidade que bento retrata Capitu, apresenta uma personagem densa de comportamento insinuante e surpreendente. Ela é uma das personagens femininas mais intrigantes da Literatura brasileira. E o que mais se sabe sobre Capitu obtém-se através do perfil moral, do modo de ser que o esposo preocupa-se em narrar.
Segundo Agripino Grieco, crítico de tiradas bem humoradas, o romancista em questão, aflora a fisionomia moral de Capitu sob a expressão visual, pois os olhos são os principais refletores da essência humana.

Em Dom Casmurro, José Dias refere-se à Capitu dizendo para Bentinho ; “…A gente Pádua não é todo má, Capitu, apesar daqueles olhos que o diabo lhe deu…você já reparou nos olhos dela?São assim de cigana oblíqua e dissimulada. Pois, apesar deles, poderia passar, se não fosse a vaidade e a adulação…” Para José Dias, Capitu exterioriza sua personalidade através do olhar, a considerava uma moça dissimulada, maliciosa,
sinuosa, astuciosa e fingida. A dissimulação se confirma quando Capitu escreve no muro “BENTO CAPITOLINA” em inteligentemente, consegue fingir a seu pai, logo em seguida quando fita seu olhar em Bentinho, confirmando o jogo do siso, negando assim seu sentimento amoroso por bentinho.
Ao tentar comprovar a afirmação que José Dias fizera sobre Capitu, Bentinho observa os olhos de sua amada e sente se envolvendo, cada vez mais, por aquela feição misteriosa e enérgica que lhe arrastava para dentro. Na narração que segue percebe-se caramente a segurança e a determinação de Capitu sobre Bentinho:

“…mas eu também juro! Juro, Capitu, juro por Deus nosso Senhor que só me casarei com você. Basta isto?
_Queria bastar, disse ela; eu não me atrevo a pedir mais. Sim você jura…
Mas juremos por outro modo; juremos que nos havemos de casar um com outro, haja o que houver… A cabeça da minha amiga sabia pensar claro e depressa.”

Confere-se nesse trecho a astúcia e a extroversão de Capitu. Pois como o narrador descreve o modo de pensar de sua amiga, é bastante coerente com a teoria de Jung que caracteriza a pessoa extrovertida àquela autoconfiante em suas idéias e em seus sentimentos.
Veja-se como Machado descreve as ações e as reações de sua heroína:

“Capitu, a princípio não disse nada. Recolheu os olhos, meteu-os em si e deixam-se estar com as pupilas vagas e surdas.
…Capitu não parecia crer nem descrer, não parecia sequer ouvir, era uma figura de pau… enfim, tomou a si, mas tinha a cara lívida, e rompeu nestas palavras furiosas:
_Beata! Carola! Papa missas!”

Perante a descrição feita, observa-se os traços fortes e marcantes da personagem, os quais anunciam um comportamento observador, temperamental, impulsivo e com um tom agressivo. Porém, a personagem age de acordo com as circunstâncias; por exemplo, quando ela observa que Bentinho rejeita e ao mesmo tempo diz que o pequeno Ezequiel não é seu filho, Capitu renuncia ao marido, através de suas intuições; todavia, submete-se às ordens do ciumento Bentinho.


Com base em informações contidas na obra, como em umas aqui mencionadas, supõe-se que uma mulher como Capitu, com todas as características observadas, seria capaz de encontrar outra solução para si, pois o ficcionista a colocou como ativa desde antes do casamento e cheia de vontade própria. Aprendeu a ler, escrever e contar; francês, doutrina e obras de agulha, mas não aprendeu a fazer renda; por isso mesmo quis que prima Justina lhe ensinasse. Se não estudou latim com o padre Cabral foi porque este, depois de lho propor gracejando, acabou dizendo que latim não era língua para meninas”. E isso foi o que mais causou interesse à menina. Vê-se aí que Capitu estava sempre em busca do além de sua época.


Enquanto, após o matrimônio, o romancista situa a personagem em um contexto passivo e submisso. Capitu passa a ser “parte” do marido. Dotada de pudor, de virtude, de recato e de paz doméstica. Na verdade, Capitu foi um enigma e continuará sendo, para nós, para os estudiosos e para os demais leitores das obras machadianas.

25 curiosidades acerca da biografia de Machado:


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O naturalismo é uma ramificação do Realismo. Ou seja, todo livro naturalista é realista, mas nem toda obra realista é naturalista. No naturalismo, o homem é encarado como produto biológico que age a partir de instintos controlados, ou não, pelo meio em que vive. Para o naturalismo, o homem é claramente um produto do meio em que vive.  Há uma preferência por temas como miséria, adultério, crimes, problemas sociais, taras sexuais, etc. 

Características do Naturalismo

- Romance experimental, apoiado na experimentação e observação científica.

- A investigação da sociedade e dos caracteres individuais ocorre “de fora para dentro”, os personagens tendem a se simplificar, pois são vistos como joguetes, pacientes dos fatores biológicos, históricos e sociais que determinam suas ações, pensamentos e sentimento.

- Volta-se para a biologia e a patologia, centrando-se mais no social.

- As obras retratam as camadas inferiores, o proletariado, os marginalizados e, normalmente, os personagens são oriundos dessas classes sociais mais baixas.

- o tratamento dos temas com base em uma visão determinista conduz e direciona as conclusões do leitor e empobrece literariamente os textos.

Maior representante do Naturalismo no Brasil: Aluísio de Azevedo



Curiosidades sobre o poeta, dramaturgo e romancista (http://ossembiblioteca.wordpress.com/)


De acordo com o que se sabe dele, ele ia aos locais onde imaginava as suas histórias e mergulhava naquela realidade, se misturando às pessoas que inspiravam os seus personagens. Dizem que ele os desenhava em papel cartão, os recortava, criando bonequinhos e os usava como em um teatrinho de fantoches para criar suas histórias. Além disso, outra fofoca é a de que ele escrevia os seus textos de uma paulada só, sem revisar nem nada…

Aluísio de Azevedo enquanto poeta escreveu:

"Pobre amor"

''Calcula, minha amiga, que tortura!
Amo-te muito e muito, e, todavia,
Preferira morrer a ver-te um dia
Merecer o labéu de esposa impura!

Que te não enterneça esta loucura,
Que te não mova nunca esta agonia,
Que eu muito sofra porque és casta e pura,
Que, se o não foras, quanto eu sofreria!

Ah! Quanto eu sofreria se alegrasses
Com teus beijos de amor, meus lábios tristes,
Com teus beijos de amor, as minhas faces!

Persiste na moral em que persistes.
Ah! Quanto eu sofreria se pecasses,
Mas quanto sofro mais porque resistes!''


A obra "O Cortiço"



Um dos maiores clássicos de Aluísio de Azevedo chama-se "O Cortiço". O livro foi publicado em 1890 e teve bastante prestígio logo que foi publicado. Trata-se, em linhas gerais, do caminho desonesto, percorrido por João Romão, para ficar rico. João Romão torna-se proprietário de um cortiço cheio de personagens que se tornam imprescindíveis para a caracterização naturalista pretendida pelo autor.

Características dos personagens da obra "O Cortiço"


          João Romão – esperto, miserável, inescrupuloso (chegando, muitas vezes a margear a desumanidade), ganancioso, empreendedor, enganador e invejoso. É o dono do cortiço no qual se ambienta o livro. É “marido” de Bertoleza. “... deixando de pagar todas as vezes que podia e nunca deixando de receber, enganando os fregueses, roubando nos pesos e nas medidas...”.      (Inocêncio Solimões)

          Bertoleza – trabalhadora, submissa, sonhava com a liberdade por meio de uma carta de alforria. É enganada por João Romão quando este falsifica sua carta de alforria. Representa o arquétipo da mulher ideal nos moldes da época, acrescido do fato de ser negra e escrava. “E, no entanto, adorava o amigo, tinha por ele o fanatismo irracional das caboclas do Amazonas pelo branco a que se escravizam, (...) são capazes de matar-se para poupar do seu ídolo a vergonha do seu amor.”
“... às quatro da madrugada estava já na faina de todos os dias...” (Inocêncio Solimões)
          
          Jerônimo – nostálgico, forte, trabalhador, dedicado e honesto. É casado com Piedade, mas sucumbe à malemolência de Rita Baiana. “... a força de touro que o tornava respeitado e temido por todo pessoal...”, “... grande seriedade do seu caráter e a pureza austera dos seus costumes...”. “... um pulso de Hércules...”.  (Inocêncio Solimões)

          Piedade – submissa, honesta e trabalhadora. Era esposa de Jerônimo, e, assim como Bertoleza, se assemelha nos aspectos psicológicos. “Piedade merecia bem o seu homem, muito diligente, sadia, honesta, forte, bem acomodada com tudo e com todos, trabalhando de sol a sol e dando sempre tão boas contas da obrigação, que os seus fregueses de roupa, apesar daquela mudança para Botafogo, não a deixaram quase todos.” (Inocêncio Solimões)

          Firmo – gastador, vadio, galanteador, charlatão e presunçoso. Amigo de Rita Baiana, é descrito como “um mulato pachola, delgado de corpo e ágil como um cabrito; capadócio de marca, pernóstico, só de maçadas, e todo ele se quebrando nos seus movimentos de capoeira”. “...Era oficial de torneiro, oficial perito e vadio: ganhava uma semana para gastar num dia...”. (Inocêncio Solimões)

          Rita Baiana – malemolente, sensual, alegre e assanhada. É objeto de desejo da maioria dos homens do cortiço. “E toda ela respirava o asseio das brasileiras e um odor sensual de trevos e plantas aromáticas. Irrequieta, saracoteando o atrevido e rijo quadril baiano, respondia para a direita e para a esquerda, pondo à mostra um fio de dentes claros e brilhantes que enriqueciam a sua fisionomia com um realce fascinador.” (Inocêncio Solimões)

          Pombinha – amiga, inteligente e pura. Representa o extremo oposto de Rita Baiana, com sua beleza imaculada. “A filha era a flor do cortiço (...) Bonita, posto que enfermiça e nervosa ao último ponto: loura muito pálida, com uns modos de menina de boa família”. “...era muito querida por toda aquela gente.”
“Era quem escrevia cartas (...) quem tirava as contas; quem lia os jornais...”  (Inocêncio Solimões)

          Léonie – prostituindo-se, independe dos homens. “... com as suas roupas exageradas e barulhentas de cocote à francesa, levantava rumor quando lá ia e punha expressões de assombro em todas as caras.” (Davi Pinheiro)

          Miranda – invejoso, ganancioso, rico, esperto, oportunista, não era feliz no casamento, entretanto, continuou casado pois dependia do dote de sua esposa, D. Estela. “... o Miranda pilhou-a em flagrante delito de adultério; ficou furioso e o seu primeiro impulso foi de mandá-la para o diabo junto com o cúmplice; mas a sua casa comercial garantia-se com o dote que ela trouxera...”   (Davi Pinheiro)

            D. Estela – adultera e presunçosa. “...senhora pretensiosa e com fumaças de nobreza...” 
(Davi Pinheiro)

          Zulmira – vivia para satisfazer a vontade do pai. “...pálida, magrinha, com pequeninas manchas roxas nas mucosas do nariz, das pálpebras e dos lábios (...) olhos grandes, negros, vivos e maliciosos.” (Davi Pinheiro)

          Henrique – estimado de Dona Estela. “Dona Estela, no cabo de pouco tempo, mostrou por ele estima quase maternal...” (Davi Pinheiro)

          Botelho – antipático e parasita.“... muito macilento, com uns óculos redondos que lhe aumentavam o tamanho da pupila e davam-lhe à cara uma expressão de abutre...”.
“...via-se totalmente sem recursos e vegetava à sombra do Miranda...”  (Davi Pinheiro)



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O ci-ne-ma silábico do menino! Por Aline Pereira

O nome do menino? Não é preciso. Aos seis anos, arrancado dos pais adotivos, ouviu o cochicho da mãe biológica: _ O guri ficou bonito e robusto, quero ele de volta! Os pais adotivos, com quem ele estava desde bebê, não sabiam endireitar o causo com Direito. Não fizeram nada além de chorar. Saudade e estranhamento: o pai de sangue era usuário do cachimbo crackento. O menino vivia a olhar o quintal da mãe de amor: as famílias moravam na mesma ruela de pó. Aquela mãe ali, a que esteve presa a ele pelo cordão umbilical, também lhe tinha amor. Um amor confuso. Ele não queria confusão: _ Quero aprender a ler, professora! Naquele ano: não aprendeu. Mal dormiu, nem brincou. Suspenso, as famílias de cada letra também lhes soavam azucrinantes. Nada colava na mente. O pesadelo alternava entre casa e escola. Também o fel do sentir-se incapaz. Todos aprovados, ele retido. O desgosto da reprovação. No segundo ano de escola, os pais biológicos desistiram mais uma vez do menino. Mas os sons das sílabas... _ Socorro, o som das sílabas! Vinham associados ao drama do ano anterior. _ Deve ser disléxico, vamos aprová-lo para que ele faça amizades! Passaram-se anos em que o menino interpretou a figura de um malandro que não o habitava. Estava tolhido do exercício de sua brandura: _ Se eu fizer bagunça na classe, todos vão pensar que não preencho o exercício do caderno por ser ‘bagunceiro’. Assim, ninguém vai saber que sou analfabeto! E continuou, na nova escola em que o matricularam, interpretando o menino tolo que não era. Os professores do novo endereço não quiseram adotar a mentira. Tomou-se providências. Sugeriu-se ao menino que a verdade fosse revelada à classe para que ele contasse com a solidariedade dos amigos que ele conquistaria com os fatos reais. Escolheu a omissão: _ Não quero que saibam. Todos vão me zoar, professora! A maioria das crianças mostrava-se sensível àquela história muito nova de um menino grande que não sabia ler. Observavam atentos as ações do colega: ele se aquietava na hora de copiar qualquer coisa da lousa, mas escrevia palavras aleatórias de outras lições para preencher o tempo e as lacunas. Uma senhorinha da escola o ajudava a subir uma ladeira íngreme que o conduzia cada vez mais perto dos gibis, dos significados das palavras da lousa, das revistas com figuras bonitas e suas legendas. Quando estava chegando no topo da ladeira das sílabas, permitiu que a professora contasse à classe a verdade. Havia outro sonho ENORME: ele poderia, enfim, retornar a si. Não seria mais preciso dissimular. Sonhava em ser amável com os colegas. Sonhava em dizer, como qualquer outra criatura “não sei”, acreditando que logo adiante passaria a saber. Ao final daquele ano, conhecia pouco para ser considerado menino alfabetizado: queriam reprová-lo e ficaria isolado em classe desconhecida. Para convencer o corpo docente de que ele deveria seguir com a classe que o acolhera, a senhorinha que o convencia do céu azul ao final da ladeira narrou detalhes delicados aos professores. Ela contou sobre o primeiro dia em que o garoto sentiu vibrar em suas cordas vocais uma palavra encantada por sua tessitura de sons e significados. Sua mestra enrugada e delicada o despertou de uma sonolência de 14 anos. Ela o ajudou a dominar no peito uma porção de sonhos quando o menino leu pela primeira vez, ainda que silabicamente a palavra ‘ci – ne – ma’. Maravilhou-se. CINEMA!!! Agora bem rápido e sem gaguejar exclamou a palavra antes que lhe fugisse da cabeça. Continuaram aparecendo uma porção de enigmas e situações cabeludas de resolver, entretanto decidiu, naquele dia, que outros milagres tinham que acontecer: creu todo esse tempo que fosse burro de nascença. Começou a escrita independente com um bilhetinho de amor composto sem a certeza de que chegaria às mãos de Sabrina. Isso era menos importante, afinal, naquele momento eram paquerados todos os nomes do mundo.

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Professora de Língua Portuguesa e Literatura da rede pública estadual nas séries de Ensino Fundamental e Médio. aline.correio@gmail.com

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