O TOM DA INDIGNAÇÃO

    Quem se beneficia com o FUNDEB?


Na última segunda, o governador Raimundo Colombo esteve em Joinville a convite do Sr Darci de Matos para receber o título de sócio honorário da Acats. Assim que soubemos, nós - professores grevistas da região de Joinville - dirigimo-nos à Expoville para, no mínimo, uma pressão visual com faixas sobre nossas reivindicações que não vão além do piso, como é dito no comercial. Conseguimos um contato verbal.

Inicialmente apareceu Tebaldi, desceu do carro sorrindo, mas sentindo o tom de protesto adentrou rapidamente o pavilhão do evento. Logo, foi vaiado. A indiferença deixou-me colérica e me envergonho em dizer que proferi alguns xingamentos pessoais como “covarde”, assim que findadas as vaias. Ter um engenheiro sanitarista como secretário da educação é tão marcante quanto ter uma professora como ministra da pesca. Indigna-nos, mas qual deve ser o tom da indignação? Falas alteradas, tons desmedidos podem revelar, de fato, uma estupidez emocional. Mas é possível traduzir um desafeto tamanho em tom brando ou em poucos caracteres com o presente espaço?

Não temos dinheiro para levar à opinião pública em horário nobre a verdade sobre os fatos. A imprensa não noticiou uma palavra sequer sobre nossa conversa com o governador logo na entrada da Expoville. Quando pudemos perguntar sobre o dinheiro do FUNDEB e o governador nos respondeu “Você não arranca tão fácil esse dinheiro dos poderes”, percebi que não é apenas o governo que nos deve. Vejamos, entramos com uma ação na justiça para tirar da justiça um dinheiro que deveria ter sido destinado à Educação. Não é difícil prever o desfecho. Diga-se que nas entrevistas oficiais o governador não fala nada sobre o FUNDEB.

Um discurso lindo faz o Brasil acreditar que há preocupação com a Educação, quando o processo de evasão docente já começou, os cursos de licenciatura estão fechando e já há disciplina com deficit de professor! Parece que são vários leões para driblar até que a tabela do MEC seja cumprida: governo do Estado de Santa Catarina, Tribunal de Contas, Ministério Público e Tribunal de Justiça. Sem se esquecer da imprensa que só nos dá espaço na coluna de opinião e dos comerciais pagos pelo governo afirmando que não queremos negociar, sendo que estamos sendo roubados! A tabela do MEC não está sendo respeitada pelo governo do Estado. Como podemos esperar uma auditoria, quanto ao dinheiro do FUNDEB, que venha a nos favorecer? Fica bem difícil driblar a cólera, ou melhor, fica difícil não cogitar abandonar a carreira.

Aline Pereira

De acordo com o Tribunal de Contas do Estado, a verba do Fundeb, repassada pelo governo federal, deve ser destinada somente à educação: 60% para os salários dos professores e 40% para manutenção das escolas públicas. Mas.....

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Professora de Língua Portuguesa e Literatura da rede pública estadual nas séries de Ensino Fundamental e Médio. aline.correio@gmail.com

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