Professores em curso: olimpíadas de Língua Portuguesa


"Escrever é o meu jeito de ficar por aqui. Cada texto é uma semente. Depois que eu for, elas ficarão. Quem sabe se transformarão em árvores! Torço para que sejam ipês-amarelos." Rubem Alves

E nós, entre tantos ofícios, também ensinamos a plantar ipês amarelos...

CHUVISCANDO   PALAVRAS 

(Os professores cursistas tiveram 30 minutos para produzir coletivamente o poema que segue cá)

Joinville movimento da beleza
Cidade que traduz sua realeza
De seus filhos vivendo em glória
E outros em busca de vitória

Da janela do meu quarto eu sinto
Primeiro pingo que da nuvem escorre
Guarda-chuvas e sombrinhas se abrindo
Quem é daqui, da chuva não corre

Minha cidade chuvosa
De beleza sem igual
És agradável e formosa
Trabalhadora e musical

O suor deste povo que labuta
De sol a sol, com determinação
Sobe aos céus em calor de oração
Volta à terra na forma de chuva

O trem está vindo aí!
Cortando a zona sul
Piuií! Piuií! Piuií!
Transformando o céu azul

Cachoeira em movimento
Água, banho, beleza
Transformou-se com o tempo
Lodo, lixo, tristeza
  
Cidade: lugares definidos
Pontos turísticos oferecidos
Quem mora aqui não percebe
O tempo passa: não se despede.



A jornalista e escritora VANESSA BENCZ coloriu a tarde em que falamos sobre crônica, com dicas para fruição estética e criativa:





O escritor CARLOS ADAUTO VIEIRA comentou algumas de suas produções, levando-nos informações sobre a memória de Joinville, quando era possível desfrutar enquanto banhista do Rio Cachoeira.


Houve quem se aventurasse no gênero 'memórias literárias' a partir do depoimento do Senhor Carlos Adauto Vieira:

 (Professora Andreia Evaristo – Memórias do Dr. Adauto)

Quando a companhia Carlos Schneider começou a produzir bicicletas, ninguém imaginava a revolução que aconteceria na cidade – bicicletas, essas, que mais tarde batizariam Joinville como cidade das bicicletas. Os colonos, que costumavam trazer seus produtos da Vila Nova para o centro da cidade em carros puxados com a força amiga dos animais, trocaram a motriz do bicho pelo motor da bicicleta. Sim, porque o motor da bicicleta é o próprio trabalho do homem, o seu suor, a sua feita, assim como os produtos que eram vendidos na bifurcação da Rua Visconde de Taunay com a Nove de Março. O coxo nonde os animais refrescavam a vida depois da longa jornada, tirando uma sesta antes do retorno, já rumava à sua aposentadoria. Porque os bichos trabalhavam com as gentes porque não se conhecia outra forma, mas com o advento da bicicleta, eles podiam descansar nos ranchos até a volta dos donos. Naqueles tempos, todos queriam a uma bicicleta! Inclusive eu queria experimentar esse novo meio de locomoção, que tornava próximas as longas distâncias. A minha, nessa terra que se dizia alemã, herdou as cores do Brasil: era verde e amarela, uma verdadeira patriota. Aliás, essa foi a alcunha que recebeu de meus colegas. Lembro-me de vez por outra, quando ia ao Bar do Ravache comer um bife – e como era sumarento aquele bife! – acabava bebendo um pouquinho a mais e voltava para casa a pé. No dia seguinte, logo alguém me cumprimentava, dizendo que eu esquecera a patriota no bar. Bem se vê que os tempos eram outros: a patriota descansava lá, encostada a um poste ou a uma parede bar, como se estivesse embriagada das coisas da vida. Eu ia encontrá-la por lá, no mesmo lugar, dois ou três dias depois, intocada, imaculada. Vai deixar uma zica sem cadeado por aí, hoje, pra ver só...

(Professora Iracilde da Rocha – memórias do Sr. Carlos Adauto Vieira)

               Ao terminar o meu curso de advocacia em Florianópolis decidi morar em Joinville. Claro que tinha mais opções como: Criciúma ou Blumenau. Ao chegar em Criciúma vi o sofrimento e a dor dos homens que trabalhavam nas minas. Era um trabalho muito penoso e davam-me a impressão de serem Jesus Cristo carregando a cruz. Fui para Blumenau, mas todos os meus parentes moravam lá e não iriam sair do meu pé em todas as minhas decisões.
Eu queria Liberdade! Esta liberdade e a garra de viver, eu tive em Joinville, ao chegar em 08 de fevereiro de 1957.
Joinville era uma cidade maravilhosa, pacata. As pessoas eram muito aconchegantes podendo se estabelecer por encontrar a paz de espírito e a esperança de transformar a minha e a vida de muitas pessoas.
A primeira coisa que eu fiz foi comprar uma bicicleta. Ela era verde-amarela como as cores da minha pátria amada. Pedalava para todos os lugares e aos domingos era o dia de encontro da comunidade joinvilense. Íamos a todas as casas seguindo o curso do rio Cachoeira que tinha uma água, límpida, saborosa. Sentíamos ofegantes e maravilhados com a mãe natureza. Hoje, o rio parece a sala de visitas da casa, pois o sofá e outros móveis fazem parte do meu Cachoeira.
          A minha cidade deveria orgulhar-se do rio que nasce e morre dentro dela, mas o acúmulo da lama colorida despejada pelas empresas próximas a ele foram matando-o aos poucos, e hoje é o que é. Uma estrada imunda e intransitável porque o homem não sabe cuidar da natureza e mais tarde sentiremos o efeito de tudo isso. Transformar-se-á como a rosa de Hiroshima matando a todos que ocupam o planeta, ou poderá se transformar em puro mangue.


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Professora de Língua Portuguesa e Literatura da rede pública estadual nas séries de Ensino Fundamental e Médio. aline.correio@gmail.com

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